20 de jan. de 2012

Prêmios para os ganhadores

trofeuSempre que publico um jogo competitivo aqui recomendo que se dê um prêmio aos vencedores, que não precisa ser algo de muito valor. Os professores não ganhamos um salário astronômico e alguns de nós precisam dar aulas em duas ou três escolas para completar a carga horária e receber um salário decente que lhes permita sobreviver com dignidade, portanto não temos como dar prêmios de grande valor, o prêmio é apenas simbólico.

Mesmo sendo apenas algo de valor simbólico, o aluno o ostenta com orgulho porque é o resultado de seu desempenho frente aos demais. Quem não gosta de ganhar? E – mais ainda – quem não gosta de ganhar um presente, prova física de aceitação, bom desempenho, uma lembrança que seja?

Distribuindo prêmios como parte da rotina dos jogos você estará também incentivando os alunos a competirem, estará dando a eles um motivo a mais para participar da prática, tão importante para o aprendizado. Quando se prepara um jogo, o que se espera é que os alunos dele participem com entusiasmo e não que o encarem como uma “prova” para testar seus conhecimentos.

Até mesmo em classes de adultos o prêmio funciona, é frequente ver o ar admirado e satisfeito dos meus alunos ao receber um punhado de balas. O fato é que o aluno já espera ser punido por mau comportamento, mas a premiação por um bom desempenho não é esperada, então torna-se uma agradável surpresa. Com o tempo e a repetição será um alvo almejado. Quando também perceberem que aprenderam – enquanto se divertiam – esse fato será encarado como outra grata surpresa.

No passado os professores eram austeros e distantes, davam a impressão de competir entre si para verem quem conseguia aterrorizar mais os alunos, ou quem conseguiria aterrorizar mais alunos. Hoje a coisa mudou, o relacionamento professor / aluno se constrói com confiança, respeito, amizade. Tiramos partido de atividades prazerosas para motivar os alunos a aprenderem e persistirem, e qualquer fator que contribua para fortalecer essa relação e essa motivação não pode ser deixado de lado.

Como todo professor que eu conheço, eu também não estou nadando em dinheiro. Tenho portanto os meus truques para manter um “estoque” de prêmios para quando surgir a ocasião de usá-los.

Mantenha seu estoque em alta

Pouco antes do início do ano letivo ou logo que ele se inicia e os professores passam as famosas listas de material é também o período quando o material escolar está mais caro em bazares, livrarias e supermercados, então eu fujo desses locais nessa época. Nos outros meses costumo freqüentar esses locais (bem como lojas de 1,99) e procuro por ofertas.

Nos meses de março e setembro o material escolar costuma cair de preço, pois é encarado como “encalhe”, o que não foi vendido antes do início das aulas, então as canetas, lapiseiras, borrachas perfumadas, bloquinhos de recado, grampeadores pequenos e outros itens escolares estão pela metade do preço ou três pelo preço de dois. Nessa época eu visito as lojas e reponho o estoque que usarei durante o semestre.

Com 20 ou 30 reais eu faço uma festa, escolhendo o que é mais útil ou mais atraente. No mês de março valem também as agendas, que são muito apreciadas pelos adolescentes até uns 14 anos, que as usam como diário, colam nelas suas fotos, escrevem poemas.

Mensalmente vou às lojas de doces e com 10 reais compro pacotes de balas (comprados em pacotes saem bem mais em conta), bombons recheados e a tradicional caixinha de bis.

Mantenha-se preparado

No início de cada mês eu já coloco meu estoque em meu armário na escola e vou usando os itens à medida que forem necessários. Quando tenho um jogo planejado deixo os prêmios em minha bolsa ao subir para a classe.

Nesse armário eu também mantenho um dado grande de espuma, que me custou  3 reais e que faz os alunos arregalarem os olhos quando o veem em minhas mãos. Faço acordos com meus alunos, os jogos serão feitos sempre que houver tempo disponível, então quando levo um dado para a sala ele pode acontecer ou não, dependendo do tempo que levam para executar cada tarefa. Dessa forma eles cumprem à risca o tempo dado – e sempre que dou uma tarefa estabeleço um tempo – para não perderem a oportunidade de participar da brincadeira.

Se eu divido a classe em grupos para fazerem alguns exercícios e um aluno começa a conversar, imediatamente os outros chamam sua atenção dizendo que se não terminarem dentro do tempo marcado ficarão sem jogar. O aluno distraído imediatamente volta ao trabalho sem que eu tenha que intervir para resolver a situação.

Distribuição de prêmios

Deve-se tomar muito cuidado ao atribuir prêmios, principalmente em classes de crianças. Assim como o prêmio funciona emocionalmente como uma motivação positiva, o fato de não ganhar nada frustra as crianças, especialmente as menores. Elas sentem-se injustiçadas e preteridas quando não ganham nada. Como nunca sei o grau de maturidade emocional de meus alunos ou como lidam com a frustração, mesmo em classes de adultos dou um prêmio de consolação aos perdedores.

Nessa hora o saco de balas funciona muito bem, a cada membro dos grupos perdedores dou uma bala e sentem-se recompensados por sua participação. Da próxima vez se esforçarão mais para conseguir melhor resultado.

Uma colega dividia a classe em grupos e fazia jogos frequentemente, dando um bis a cada vencedor. Aos perdedores não dava nada. Acontece que sua classe era de crianças com idade variando entre 6 e 8 anos, e após duas semanas nessa prática foi surpreendida por um grupo de mães indignadas cujos filhos recusavam-se a voltar à escola.

Uma das mães inclusive disse que a filha de 7 anos chegava em casa chorando todos os dias, porque nunca ganhava nada. Por coincidência a professora ao dividir a classe em grupos sempre a colocava num grupo que perdia no final, em duas semanas de jogos a menina não ganhara uma bala sequer.

Sob a ótica da professora tudo estava normal e justo, mas como explicar a uma criança de 7 anos que todos os outros alunos já tinham recebido suas balas, bombons e material escolar e só ela não havia recebido nada? Como fazer com que ela lidasse com tamanha frustração?

Colocando-se no lugar do aluno, como você se sentiria se tivesse sete anos de idade? Seria possível convencê-lo de que não havia nada errado com você, que a professora gostava de você tanto quanto dos outros? E – mais ainda – seria possível convencer essa mãe de que sua filha estava recebendo um tratamento justo e não estava sendo preterida?

Para evitar situações assim eu prefiro sempre premiar a todos, seja um prêmio um pouco melhor para premiar um bom desempenho, ou um prêmio mais simples e simbólico por participação.

A ideia ao premiar os alunos após jogos competitivos é estimular e motivar, nunca castigar ou humilhar ninguém. E muito menos ferir seus sentimentos.

Zailda Coirano

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